Um vídeo que circula nas redes mostra um policial militar chutando com força o carrinho de feira de uma idosa, imigrante chinesa de 69 anos, já caída no chão. O episódio ocorreu durante uma operação contra comércio ambulante na Rua Florêncio de Abreu, no Centro Histórico de São Paulo, e provocou críticas imediatas.
As imagens divulgadas por influenciadora confirmam: enquanto a senhora, chamada Zho Xiao Wei, ou “Nainai”, tentava impedir a apreensão de seus pertences, foi empurrada ao solo. Em seguida, um policial desferiu um chute no carrinho que ainda estava sendo segurado por ela, lançando-o contra uma motocicleta próxima
Apesar da idade avançada, a idosa tentou resistir — chegou a chutar um dos policiais e gritar em sua língua natal. Em resposta, ouviu do agente: “A senhora está no Brasil e tem que seguir as leis do Brasil”.
O caso gerou indignação imediata nas redes sociais e mobilizou parlamentares: o deputado Guilherme Boulos (PSOL) classificou a ação como “covardia” e criticou duramente a atuação da PM . A deputada Luiza Erundina (PSOL) também repudiou o episódio, chamando a cena de “abominável”.
A Secretaria da Segurança Pública de SP afirmou que a conduta identificada “não condiz com os protocolos da instituição” e garantiu abertura de procedimento para identificar os agentes envolvidos e tomar “todas as medidas cabíveis”.
O coronel reformado José Vicente da Silva Filho, da USP, considerou o ato “transgressão grave” e recomendou o afastamento imediato do policial durante fiscalizações envolvendo pessoas em situação de vulnerabilidade, especialmente idosos . O coronel Sugar Ray reforçou que operações policiais exigem “paciência, tolerância e serenidade” para evitar escaladas desnecessárias de violência.
A abordagem fazia parte da “Operação Delegada” — convênio entre PM, prefeitura e governo estadual para reprimir comércio irregular. No entanto, especialistas ressaltam que essa função deveria ser de fiscais ou da Guarda Civil, com apoio da PM, e não executada diretamente por militares.
O registro da agressão contra Nainai evidencia as lacunas nos controles das abordagens policiais em operações de repressão a ambulantes, especialmente contra pessoas idosas ou estrangeiras. A denúncia pública gerou promessas de investigação, mas permanece a exigência social por maior discernimento e respeito aos direitos humanos no centro de São Paulo. O caso levanta urgência em revisar protocolos de atuação em fiscalizações, assegurando que não se repita violência injustificada em trocas de serviço ostensivas.