O servidor público Carlos Fábio Mendonça de Araújo, de 37 anos, morreu após passar quatro meses internado por complicações provocadas por uma violenta abordagem policial durante um surto psicótico. O caso aconteceu em Fortaleza (CE) e gerou forte repercussão após ser registrado em vídeo.
Segundo familiares, Carlos apresentava sinais de esquizofrenia e acreditava estar sendo perseguido. No dia 1º de fevereiro, ele teve um surto, correu pelas ruas do bairro Conjunto Ceará, subiu em um carro e agrediu um motorista e seu filho. A polícia foi chamada e, ao chegar, usou força extrema para contê-lo.
Imagens gravadas mostram os policiais desferindo socos, chutes e disparos contra Carlos. Familiares afirmam que ele foi atingido por 14 balas de borracha e um tiro de arma de fogo na perna. Ferido e ensanguentado, foi colocado no porta-malas da viatura e levado para uma Unidade de Pronto Atendimento (UPA). Posteriormente, foi transferido a um hospital público e, depois, a um hospital particular, onde faleceu no fim de maio.
O laudo de óbito apontou falência múltipla dos órgãos provocada por uma infecção generalizada no pulmão, além de traumas internos e hemorragia digestiva. A família responsabiliza os policiais pela gravidade dos ferimentos.
Carlos havia sido denunciado por agressão, dano ao patrimônio e resistência, e teve a prisão preventiva decretada. No entanto, o processo foi encerrado após sua morte.
A Secretaria de Segurança Pública do Ceará confirmou que a Polícia Civil investiga o caso, e que o corpo passou por necropsia. O laudo definitivo ainda está em elaboração. A Polícia Militar não se manifestou até o momento. A morte de Carlos reacende o debate sobre a atuação policial em casos de transtornos mentais e o uso excessivo da força.