Em 2006, Banaz Mahmod, uma jovem de 20 anos, foi assassinada no Reino Unido. A mando do pai e do tio, o crime foi classificado pelas autoridades britânicas como homicídio por "motivo de honra", uma justificativa usada em algumas culturas para punir comportamentos considerados desonrosos.
O caso voltou a ganhar destaque em 2025 após declarações do tio, Ari Mahmod, hoje com 69 anos. Ele está preso na penitenciária de Whitemoor, na Inglaterra, e falou com a imprensa por videochamada. Segundo o jornal The Sun, Mahmod afirmou: “No meu país, assassinato é normal. Depois da pena, você tem uma nova chance”.
As declarações surgiram após a exibição de um documentário britânico da emissora ITV. O material sugeria que Mahmod também teria ordenado o estupro da sobrinha. Ele nega. “Na minha cultura, o estupro é um dos piores crimes. Nunca faria isso”, alegou. Segundo ele, a acusação de violência sexual foi a parte mais ofensiva da reportagem, mais do que a própria acusação de homicídio.
Banaz havia fugido de um casamento forçado e sofria agressões do marido, dez anos mais velho. Ela se apaixonou por outro homem, o que foi visto como uma afronta à honra familiar. A jovem chegou a procurar ajuda da polícia e alertar que sua vida estava em risco, mas não recebeu proteção.
Meses depois, o pai, o tio e três primos planejaram sua morte. Banaz foi estuprada, estrangulada e enterrada no quintal de uma casa abandonada. Todos os envolvidos foram condenados.
O caso expôs falhas na proteção de mulheres ameaçadas por “crimes de honra” e reacendeu o debate sobre o conflito entre cultura e direitos humanos em países com comunidades imigrantes.
Ari Mahmod continua preso, mas insiste que apenas seguiu costumes tradicionais de sua terra natal. A Justiça britânica, no entanto, trata o caso como assassinato premeditado e condenável sob qualquer justificativa.